May 30, 2016

Casamento #4 - Princesa por um dia

Deixem-se de coisas, a noiva é mesmo o mais importante no casamento. O noivo é quase peça secundária, se ele errar não há mal nenhum, mas a noiva é outra história. A pressão está toda do nosso lado. A expectativa que se cria em volta do visual da noiva é quase sufocante.
Ora para mim isto foi um bocado difícil de engolir. Eu não lido bem com pressões e não cedo de maneira nenhuma. Como eu nunca pensei em casar esta foi uma fase muito esquisita para mim. Eu nunca fui menina de muitos sonhos com princesas e vestidos que têm cauda para varrer a igreja toda, nem nunca perdi muito tempo a idealizar o vestido perfeito.
Quando comecei a minha busca pelo look de sonho para subir ao altar, comecei tudo ao contrario. Escolhi primeiro o ramo (aliás inspiração para todo o casamento), depois os sapatos e só depois o vestido e as jóias.
Por isso primeiro vamos falar do ramo. Atentem nas fotografias.


Este foi o ramo pelo qual me apaixonei há muitos anos atrás a ver uma porcaria qualquer de casamentos amerciana. Penso que deve ter sido das poucas vezes em que pensei para mim mesma "Um dia se eu casar vai ser assim". E foi mesmo. Corri a internet inteira para encontrar o fornecedor daquelas fitas pretas e brancas mas encontrei e consegui tê-las a tempo para a excelente florista da Póvoa de Varzim (imensas desculpas mas não me lembro do nome, mas se quiserem mesmo a informação posso sempre arranjar-vos que eu sou uma tipa à maneira e por vocês faço tudo). Nem quis acreditar como o meu ficou tão parecido ao da fotografia que entreguei na florista. Quanto aos ramos das damas de honor, achámos que seria giro que combinassem com os sapatos. Rosas brancas iguais às minhas não faziam sentido para elas e como somos ligeiramente avariadinhas da cabeça, decidímos que colorir a coisa não era má ideia. O resultado foi fenomenal.
A partir deste preto e branco das fitas do ramo, surgiu todo o casamento. As prendas, os convites, tudo e mais alguma coisa.



Os sapatos. Ai meu deus. Os sapatos são, sem dúvida nenhuma, a perdição da minha vida. Num dia que se prevê o mais importante da nossa vida, não podia deixar a coisa por menos. Não podia simplesmente ir à Zara e comprar uma coisa qualquer, nem podia ir com uns sapatos branquelas típicos de noiva. Não seria eu, não seria a Ana que todos conhecem como a mulher dos sapatos. De mim esperava-se algo em grande e eu senti essa pressão. Se no dia-a-dia já não sou mulher de andar com um sapatinho qualquer, é claro que no dia do meu casamento a parada estava bem alta.
No entanto, e contra todas as minhas expectativas, foi tudo muito mais fácil do que eu pensava. Numa visita à loja Jimmy Choo o assunto ficou arrumado. Assim que pûs os olhos neste lindo par preto todo rendado e com uma linda flor toda ela também em renda, fiquei completamente apaixonada. Não escolhi mais nada, sabia que não valia a pena. Era exactamente aquilo que eu queria, uns sapatos irreverentes, cheios de garra, cheios de classe, com personalidade, uns sapatos que só eu tivesse coragem de usar num casamento. Imaginei logo tudo. Só a partir daqui é que comecei a pensar no vestido que iria querer para completar os sapatos.










Bem, vamos lá ao vestido que eu sei que esta é a parte mais interessante para a maioria de vocês.
Quem já viu o filme "Sexo e a Cidade" deve lembrar-se daquela cena em que  a Carrie mostra o seu lindo vestido vintage à Charlotte e ao seu organizador de casamento e diz "You know me. I'm gonna style it up with some beautiful shoes". Pois é, foi nesta onda que escolhi depois o vestido. As minhas exigências na altura eram muito simples e eram em função daquilo que já tinha escolhido.
Ora eu queria que tivesse um laço, queria que fosse curto na frente, queria que fosse simples sem paneleiradas de brilhantes ou contas ou pérolas ou o que quer que fosse. O facto de eu querer um vestido assim complicou-me a vida. Os modelos actuais são muito virados para as rendas (o meu homem tinha um ataque) ou então têm brilhantes por tudo quanto é lado.
O meu vestido foi comprado na Rosa Clara no Porto (na antiga loja) e não foi amor à primeira vista. Na verdade, só quando cheguei à loja é que fiquei a saber que iam fechar portas e que por isso não tinham recebido a nova coleção. Fiquei desolada. Depois de voar 1800 km da Suiça para a loja directamente e não puder experimentar o vestido que queria desolou-me. Haviam apenas seis modelos expostos e disponíveis para experimentar. Contrariada por não haver o meu, acabei por ceder à senhora da loja e aceitei^colocar no meu corpinho alguns dos modelos que lá estavam. Por sorte das sortes, não é que foi mesmo assim que encontrei o meu vestidinho? Bem, foram feitas algumas modificações ao modelo original. Mandei tirar alguns adornos porque queria a coisa mais simples possível e tive de mandar cortar a parte da frente. Mas foi uma Batalha convencer a costureira da loja a cortar o vestido. A pobre senhora temia que eu me arrependesse e por isso, até à última semana,não tocou no vestido. Por fim, acabou por ter de fazê-lo (quase me obrigou a assinar um termo de responsabilidade, qual cirurgia ao cérebro ou coisa que o valha). Lembro-me que no dia em que fui fazer a prova final, a senhora estava encantada. Nunca nenhuma noiva tinha pedido tal coisa mas ela adorou o resultado. Encheram-me de elogios e de carinho.

Mas se querem saber, foi apenas no dia do casamento que realizei a importância do visual. No momento em que o vestido caiu sobre os meus ombros e que me olhei no espelho, o meu coração palpitou de emoção. As coisas foram escolhidas em separado e naquele momento ver o conjunto, ver o todo, tem um impacto importante. Lembro-me de segurar as lágrimas. Lembro-me de ver as minhas damas de honor segurar as lágrimas. É um momento único. Um momento magico. Um momento em que nos sentimos realmente princesas.
No hotel, enquanto esperava pelo carro, os turistas quiseram tirar-me fotografias. Pensavam que eu estava a fotografar para algum catálogo ou que fosse modelo e queriam tirar fotografias também. Depois repararam que o meu ligeiro nervosismo de noiva estava lá e perguntaram-me se eu era mesmo a noiva. Foi muito engraçado.
Não mudaria nada nas minhas escolhas de visual. Escolheria o mesmo vestido, os mesmos sapatos, o mesmo ramo.
Fui princesa por um dia e adorei a sensação.

5 comments:

  1. Que amoroso texto :) estavas linda. Adorei todos os pormenores :)

    Cristiana Pinho

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  2. Podes casar outra vez podes???
    Foi tão lindo...
    mas o dia da escolha do vestido foi todo ele de emoções fortes...

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    1. Esse dia vai ficar na história!
      Foi lindo foi mas não posso casar outra vez! Quando renovar os votos! ahahah Já me estou a fazer a mais uma festa!

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  3. Eu era pessoa para escolher um ramo assim (e o resto surgir daí, adooooro riscas!). Os sapatos também resolvia com tu e o vestido também é bem ao meu gosto. Tudo lindo! Adorei :)

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